segunda-feira, junho 29, 2009

Dieta e Férias

Estou de regresso depois de uma semana de férias. Gostaria de dizer que descansei, mas sinceramente nem por isso. Muitas caminhadas, acordar cedo, pés e pernas a doer. Se valeu a pena? Completamente! Paris é uma cidade espectacular e valeu cada minuto. Apesar de já ser a quarta vez que lá fui, há sempre milhentas coisas novas a descobrir. É engraçado também ver a evolução da cidade e de nós mesmos ao longo do tempo, num local diferente.

Admito que é dificil fazer dieta de férias. Estar num sítio diferente e não aproveitar as especialidades locais também me parece um desperdício. Por isso esta semana também foi de férias para a dieta. No entanto podemos fazer uma coisa: comer de tudo com conta, peso e medida. Lá por aqueles croissants serem tão apetitosos não é necessário comer 5! Pois foi exactamente isso que tentei fazer. Se comi demais em algumas refeições?....sim comi. Mas no geral tentei fazer uma alimentação equilibrada, principalmente sem grandes exageros. O facto de ter andando imenso, e ter bebido muita muita água também ajuda a compensar esses excessos.

Foi uma grande semana! Mas com o regresso a Portugal veio de novo a vontade redobrada em alimentar-me saudavelmente e nas quantidades certas.

sábado, junho 20, 2009

Obesidade e Solidão?

Acho de certa forma incrível como as pessoas que estão na luta contra os quilos podem sentir um sentimento tão grande de solidão. Quando pensamos que a obesidade é das doenças mais disseminadas no mundo, nos ultimos anos a atingir mais de metade da população (com excesso de peso, não necessáriamente obesa, certamente) em certos países desenvolvidos. Penso que isso vem do enorme sentimento de vergonha que a obesidade carrega. Um obeso carrega um grande sentimento de culpa em ter peso a mais. Sente que é gordo porque não se controla, porque é fraco. Se tivesse força de vontade, certamente não tinha chegado a pesar aqueles quilos todos. E daí vem necessariamente o sentimento de solidão. De que estamos sozinhos no mundo nesta guerra. De certa forma, cada obeso tem a sua história. Tem as suas razões que o fizeram engordar. E por isso, sim, cada pessoa tem de fazer o seu processo de cura. Mas bastava olhar à nossa volta, para pelo menos percebermos que não estamos sozinhos nesta "classe". No entanto, isso não nos consola. Saber que há outros obesos à nossa volta, não serve propriamente de consolo, nem acho que devia servir! Não é por vermos muitas pessoas com gripe no inverno que não sofremos com a "nossa" gripe, e que não tomamos o que for necessário para nos curar dela. Mas no fundo, sabemos que a nossa obesidade só vai mudar quando nós mudarmos, quando tomarmos melhor conta de nós próprios. Por isso esse caminho é tão solitário. Ninguém o pode fazer por nós. Não falo por ninguem, nem quero generalizar, mas falo pelo menos pela minha experiência e do que vejo à minha volta.

Penso que nesse ponto temos de tentar perceber o que nos tornou obesos. Porque razão temos uma relação disfuncional com a comida (se é que a temos, claro). Terá sido algum trauma de infância? Alguma característica genética com que já nascemos? Algum medicamento que tomámos no passado? Isto terá de ser feito individualmente. Pode haver muitas razões para a nossa obesidade. No meu caso, é certamente uma relação disfuncional com a comida, aliada a alguma tendencia para a inactividade (preguiça, ok admito!), juntamente com alguma tendência genética para acumular gordura bem rapidamente. Mas certamente o problema principal é usar a comida como conforto rápido, como forma de lidar com sentimentos desagradáveis, como forma de acalmar a ansiedade, evitar confrontar os problemas que nos preocupam. Comer faz esquecer tudo, entorpece o corpo e a mente, ficamos zombies a digerir as calorias em excesso. Por isso, controlar a obesidade para mim é mais do que não comer demais. É saber a aprender a lidar com tudo isso. Ter de resolver os problemas de outra forma. É estar consciente do que faço e porque o faço. Pode parecer um absurdo o que vou dizer, mas um obeso pode ter uma relação tão disfuncional com a comida como uma pessoa com anorexia ou bulimia. A diferença é que está no outro lado do espectro. Mas o problema relacional com a comida está lá. Nos ultimos dias tenho pesquisado blogs que falam sobre perda de peso e na luta para emagrecer, e invariavelmente tenho encontrado blogs pro-ana, pro-mia etc com mais frequencia e facilidade do que achei possível. Não querendo fazer qualquer juizo sobre a existência desses blogs (quem sou eu para fazer julgar alguém), o que é certo é que eles existem e fundamentalmente são o reflexo, o desabafo, o canto de confidencias de muitas pessoas com outro tipo de relação disfuncional com a comida. É incrível mas encontrei muitos pontos em comum com as pessoas que escrevem esses blogs. Consigo perceber a sua linguagem. Consigo perceber o sofrimento porque passam ao restringir a alimentação, a obcessão em emagrecer. A ver a comida como um inimigo. A forma como a comida domina as duas vidas. A diferença é que um obeso está precisamente no lado oposto do espectro a nível de peso, mas a relação conflituosa com a comida é a mesma ou pelo menos tem muitos pontos em comum. É irónico que um obeso de 125kg consiga encontrar semelhanças e pontos em comum na forma de pensar relativamente à comida de uma rapariga anorexica com 45kg! Não?

quinta-feira, junho 18, 2009

Oprah

Ontem à noite estava a dar a Oprah. Falava precisamente da sua luta para emagrecer, do medicar-se com a comida, ao longo de toda a sua vida. Um episodio especial, pois nos ultimos anos tinha conseguido emagrecer e manter o peso estável e saudável, e no ultimo ano engordou uns 20 kilos. Como qualquer pessoa sofreu com isso, talvez ainda seja pior no caso dela visto o quao publica a sua vida é. Como eu me revi nas palavras dela. Tudo se resume a umas poucas coisas para o sucesso neste campo: 1) ter tempo para nós e não dar tudo aos outros; 2) ter equilíbrio em tudo o que fazemos; 3) resiliência. Claro que não há formulas para o sucesso. Temos de saber adaptar os conceitos vagos à nossa propria personalidade e estilo de vida.

Cláudia: Obrigado pelo teu comentário. Não deixaste o teu email por isso tenho de responder aqui. Compreendo perfeitamente o que sentes. Ganhar 22 kilos assim de repente e ter de lidar com os comentários maldosos dos outros. Fizeste bem em ter a consulta com a nutricionista. Penso que abusou um pouco nos "drenantes" e "adelgaçantes" mas acho que te pode dar um acompanhamento mais personalizado. Por isso nao sei se fizeste bem em desistir. Ou pelo menos tenta ir a outro a ver se gostas mais. Bom, mas vamos ao que interessa. Tens 21 anos! Tens uma vida pela frente e de certeza que queres vive-la da forma mais saudável possível. Por isso esses 22 kilos a mais vão ter de ir embora. Penso que a tua idade tb vai ajudar nesse processo. Tens um metabolismo mais jovem e rápido que ajuda na perda de peso. Podes com facilidade tornar-te um pouco mais activa fisicamente do que uma pessoa mais velha. Outra coisa importante: Acredita que há muitas pessoas como tu. Apesar de eu compreender o que dizes sobre ser uma luta solitária (na verdade é!) mas saber que existem muitas pessoas (e são muitas acredita) na mesma situação ajuda a partilhar esse processo. Quanto ao injusta! Bom...este mundo está cheio de injustiças e penso que este nem sequer é o mais grave! hehe. Penso que ja estás no bom caminho de conter um pouco a alimentação! Penso que devas saber que isto é (e deve ser) um processo lento! Quando mais rapido se perde quilos, mas rapidamente os podes ganhar. Por isso é melhor perder lentamente, mas com equilibrio, do que perderes tudo em 2 meses e ficares doente, deprimida, com carencias nutricionais! Uma coisa importante: tens de ter noção que a vigilancia terá de ser para toda a vida! nao quero dizer que quando perderes os 22 kilos, nao possas comer doces, ou comidas mais caloricas, mas que para nao voltares a engordar tudo de novo, vais ter de te mentalizar que tens de mudar a alimentação para sempre (por isso falamos em reeducação alimentar - RA, e nao de dietas). E as mudanças tb devem ser graduais. Nao podes de um dia para o outro passar a comer so saladas e fruta. Deves ter todos os elementos nutricionais necessarios: hidratos de carbono, proteinas e gorduras (sim, até essas!), para alem das vitaminas e minerais, claro! Dietas de fome estão condenadas ao fracasso. 4 kilos num mês até é demais! deve-se perder meio quilo (+/-) por semana, por isso 2 kilos num mês é o maximo que se deve perder. Geralmente nos primeiros meses de RA (ou dieta, pronto) perde-se um pouco mais, porque tb se perde liquidos em excesso. Quando se perde mais de meio kilo por semana, está-se a perder também matéria magra (ou seja musculo) e isso é o que nunca se deve perder quando se faz uma dieta! O musculo deve ser conservado a qq custo. É dos tecidos que mais queima energia durante o nosso metabolismo e quando se perde o nosso metabolismo torna-se muito mais lento e por isso torna-se cada vez mais dificil perder peso. Por isso é que é melhor perder meio kilo numa semana, mas apenas (ou quase apenas) de massa gorda, do que perder 1,5kg numa semana (em que apenas meio quilo é de gordura e o resto é musculo!). Por isso para evitar perder musculo é muito importante algum exercicio fisico, nem que seja caminhadas. Espero que passes mais vezes por cá! Com força, equilibrio e persistencia todos conseguimos. Vamos la a perder esses quilos a mais, que com 21 anos tens tudo a teu favor! É uma missão dificil mas possivel! É uma missão demorada (conta pelo menos com 8 a 10 meses), mas que te vai tornar uma pessoa mais saudável e de bem contigo propria! Até breve!

quarta-feira, junho 17, 2009

1 ano e meio depois

Passou praticamente um ano e meio desde que escrevi pela ultima vez.

Não consigo, nem vou tentar resumir tudo o que se passou, pois seria um post muitooo longo!

Descobri que realmente a vigilancia de um gordo tem de ser eterna! Nao há volta a dar. Mas isso eu já sabia.

Os 21 kilos perdidos... regressaram todos! Mais rapidamente do que pensei possivel. Voltei a fumar passado 4 meses de ter deixado. Claro que me senti um fracasso em tudo o que tinha programado: emagrecer e deixar de fumar.

O que vale é que o espirito humano é eterno e que para mudar basta queremos.

Por isso vamos às mudanças! Mudei uma divisão da casa e transformei-a num home gym. Tenho ido dia sim, dia não para começar, pois estou bem em baixo de forma. Comecei novamente com RA. O meu problema sempre foi o comer demais à noite. Por isso é aí que me estou a "controlar" mais. Comecei no inicio desde Junho, por isso nem um mês passou. Nem sei quanto peso agora, pois só me vou colocar em cima da balança no fim do mês, quando pelo menos ja tiver 30 dias de alguma purificação! Esse voltará a ser o meu ponto zero.

Quanto à dieta, nada de radical. Basicamente estou a comer o mesmo que quando comecei a RA anos atras e que me fez perder 21 quilos em 6 meses. Comer de tudo, mas em porções mais reduzidas. O meu problema sempre foram as porções. Sinto prazer em comer, no acto em si e de como me sinto depois, bem "drogado" com a ingestão exagerada de comida, seja ela qual for, mas de preferencia bem saborosa (é incrivel que ninguem se atafulha de cenouras). Comer pode ser tão viciante como outra droga qualquer. Penso que nem que seja inconscientemente muitos gordos e obesos sabem disso. Quando se come, não porque nos temos de nos alimentar e nutrir o nosso corpo de elementos vitais para o nosso bem estar, mas simplesmente para nos sentirmos cheios por dentro, para matar um vazio dentro de nós...para aplacar uma fome que não tem fim pois provavelmente não tem nada a ver com comida, sabemos que algo de errado existe. Pelo menos essa consciencia eu tenho.